Após greve de fome de ativista, prefeitura aprova medidas contra sacrifício de animais
29 de maio de 2011
Por Danielle Bohnen (da Redação)
A prefeitura de Getafe, na Espanha, aprovou a nova cláusula para a “
perrera* municipal”, que proíbe o sacrifício de animais doentes. A decisão em favor dos animais foi tomada depois de reunião com a ativista Beatriz Mechén, que estava em greve de fome desde o dia 26 de abril,
conforme publicado pela ANDA.
Beatriz Menchén em greve de fome dentro de furgão, lutando pelos Direitos dos Animais. Foto: Reprodução/ El País
Depois da aprovação, que se deu na última dia 20, Beatriz saiu do furgão oficializando assim o fim de sua greve, para iniciar a exigência de “sacrifício zero”.
De 1997 a 2009, Beatriz Menchén foi a responsável pelo Centro de Proteção Animal de Getafe. Segundo ela, a nova empresa contrata pela prefeitura a fim de administrar
perrera, sacrificava 66,7% dos animais.
A princípio, a prefeitura de Getafe negou que estivessem acontecendo sacrifícios de animais, ainda que, no dia 16 de maio, tenha detectado “uma série de irregularidades administrativas e de controle”, de acordo com o
Diário Vasco. Mesmo assim, o secretário de Meio Amiente, Ángel Bustos, assegurou que em 2011, nenhum cão foi sacrificado.
A presidenta da Federação de Associações Protetoras de Animais da Comunidade de Madrir (FAPAM), Matilde Cubillo, disse à EFE que a cláusula aprovada em Getafe é pioneira na região e na maior parte da Epanha, já que era aplicada em apenas alguns municípios da Cataluña.
A Greve
Beatriz Menchén, ativista e protetora dos animais, esteve à frente da administração da
perrera de Getafe por 14 anos. Ali, ela promoveu companhas importantes para os Direitos dos Animais, como castrações, adoções, tratamentos para doenças, resgates de animais abandonados e vítimas de maus-tratos.
No ano passado a prefeitura decidiu passar a administração do local a uma empresa provada, chamada Vetmovil, denunciada por Menchén por matar dois de cada três animais resgatados.
Menchén tinha como único objetivo o fim dos sacrifícios na perrera. Foto: Divulgação
Em protesto contra a atitude da prefeitura e a atividade cruel da empresa, Menchén entrou em greve de fome desde o dia 16 de abril. A ativista se instalou com um furgão em frente à
perrera, onde sua única janela para o mundo, era o seu
Blog. Ali, a ativista manteve ativistas do mundo inteiro com os olhos voltados sobre os acontecimentos a respeito do caso e de sua saúde.
Aos 17 dias de greve, Beatriz Menchén foi hospitalizada por queda de glicose e potássio. Mesmo assim, não deixou sua greve até a prefeitura tomar uma decisão a favor dos animais e a
perrera passar a funcionar de acordo com os critérios de proteção animal. Já que nesse momento a prefeitura havia prometido cumprir com as exigências, mas ainda não tinha colocado nada em prática.
“Tive uma taquicardia, queda de glicose e potássio, por isso me levaram de ambulância ao hospital. Lá disseram também que tinha o fígado inchado e estava desidratada. Passei a noite toda tomando soro na veia”, explica.
De acordo com Menchén “a prefeitura não parava de mentir. Não se concentravam nas questões de proteção animal e da retirada da Vetmovil da administração”.
Fim da greve com a aprovação da cláusula de defesa dos animais assinada pelo prefeito da cidade. Foto: Reprodução
A ativista prometeu terminar com a greve assim que a prefeitura aceitasse todos os critérios de proteção animal da cláusula e que não mudassem nem um dos termos. Prometeram que assim o fariam, “porém, na realidade, haviam retirado todos os critérios de proteção. A decepção foi total”.
Matilde Cubillo, afirmou que a prefeitura deu uma entrevista coletiva afirmando que a proposta estava aprovada e a greve poderia terminar. “Porém, quando nos mandaram a cláusula, vimos que haviam mudado coisas muito importantes, com as quais queriam nos enganar. Havia pontos ilegais, pois a ata assinada pelo prefeito não corresponde com o expediente”.
Cubillo desmentiu também os boatos de que Beatriz Menchén queria seu emprego de volta. “A única coisa que ela quer é que os animais não sejam sacrificados”.
De acordo com o jornal
La Vanguardia, o secretário Angel Bustos, disse que aprovariam “o que eles quisessem, estamos dispostos a incorporar todas as propostas, pois o importante é a saúde de Beatriz. Buscamos um acordo e uma saída. O que não podíamos fazer era assinar de olhos fechados, pois temos que respeitar a legalidade e os procedimentos”.
Assim que a prefeitura assinou o documento com todos os critérios de proteção animal exigidos pelas associações protetoras, Beatriz Menchén cumpriu sua palavra e terminou a greve.
Confira no vídeo abaixo o momento em que a ativista Beatriz Menchén saiu do furgão e foi aclamada por sua coragem.
* Como são conhecidos vulgarmente os canis municipais nos países de língua espanhola