sexta-feira, 10 de junho de 2011

AS CAPIVARAS DE BRAGANÇA PAULISTA

Vereador: Cidade se divide sobre invasão de capivaras

Um grupo de inusitados migrantes tem provocado debates, transtornos e preocupação aos moradores de , a 90 km de . Cerca de 40 se integraram aos 146 mil habitantes e dividiram opiniões sobre sua presença na cidade.

Os animais foram afugentados pelos avanços imobiliários na região. Embora tenham se tornado uma atração local, levam perigo ao e à saúde dos humanos.
O temor é pela febre maculosa, transmitida por um encontrado nas capivaras. A doença matou duas pessoas a 65 km dali, em Campinas, que recentemente também sofreu uma invasão dos roedores, conta o vereador Marcus Valle, do Partido Verde.
Ele vem tentando a transferência dos bichos para fora dos limites urbanos, mas reclama da burocracia dos órgãos ambientais.
- Marcaram uma reunião só para agosto, para definir. Enquanto isso, está morrendo capivara atropelada. Cada uma pesa 100 quilos, acaba com o carro também. Sem contar que a população está dividida. A maioria quer que tire de lá as capivaras, leve para a represa, para um lugar natural. Outra parte quer que mate todas, mas é uma minoria – afirma Valle para Terra Magazine.
Confira a entrevista.
Terra Magazine – Como aconteceu esse problema com capivaras aí em Bragança Paulista?
Marcus Valle – As capivaras ficavam numa fazenda, que acabou sendo transformada em loteamento. Há pouco mais de um ano, em função das obras e das máquinas, algumas migraram para cerca de 1 km abaixo, onde tem um lago, na entrada da cidade, uma espécie de Parque Ibirapuera nosso aqui. Chegaram 10, 12 e foram procriando. No começo, o pessoal até achou bonitinho, curioso e tal. Depois, começaram a falar da febre maculosa.
Sou professor de Direito Ambiental, a Lei autoriza a remoção, que se leve para outro lugar da natureza. Não pode caçar porque é animal silvestre, a Prefeitura não pode tirar de lá sem autorização do Ibama.
Aí formou o rolo. O Ibama não quer tirar, é burocrático. A Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), que é da Secretaria de , fala que precisa monitorar porque, se (as capivaras) estiverem doentes, têm que ser sacrificadas. Não estão doentes, mas passeiam pela cidade.
O Ibama foi avisado e não tomou providência?
Não só foi avisado, fez várias reuniões, entraram com uma ação contra o Ibama para remover (os animais). O Ibama até remove, o problema é que a Secretaria de Saúde fala: “Ah, se remover para outro lugar, pode dar desequilíbrio no outro lugar”. Aquela burocracia terrível. Então não resolve nem uma coisa nem outra.
Quantas capivaras são?
No momento, umas 40. São boazinhas, a população põe a mão nelas. De vez em quando, vai cachorro, elas correm atrás. São perigosas na água só. Se cachorro entrar na água, elas pegam. Já mataram um cachorro assim.
Provocaram outros incidentes?
São mansinhas, têm filhotinhos, o pessoal vai tirar fotografia. Só que dividiram a população, tem gente que não frequenta mais o lugar, com medo, não de elas atacarem, mas do carrapato (transmissor da febre maculosa). Em Campinas, na Lagoa do Taquaral, eles removeram (capivaras) para o Lago do Café, que é em frente. Duas pessoas morreram em função da febre maculosa, pois os animais estavam contaminados. Aí mataram todas as capivaras, com ordem do Ibama. Deu uma briga… Foi há uns quatro ou cinco meses.
Como está a situação agora?
Marcaram uma reunião só para agosto, para definir. Enquanto isso, está morrendo capivara atropelada. Cada uma pesa 100 quilos, acaba com o carro também. Sem contar que a população está dividida. A maioria quer que tire de lá as capivaras, leve para a represa, para um lugar natural. Outra parte quer que mate todas, mas é uma minoria.
Mas por que matar, ao invés de levá-las para longe?
É isso que eu pergunto. A Secretaria da Saúde e o pessoal do Ibama são burocráticos. Mais cedo ou mais tarde, vai dar problema, alguma pode ficar doente. Além de contaminar alguém, vai matar capivara. Não é mais fácil levá-las a um lugar natural, onde estão menos sujeitas a doenças?
E por que demora tanto?
Essa é minha pergunta aqui. Cansei de pedir aqui para remover, o Ibama enrola, fala que elas voltariam. Imagine, um negócio absurdo.
Foi movida uma ação civil pública pela Prefeitura de Bragança e pelo Ministério Público Federal para removê-las. O juiz deu uma liminar, só que, na hora de escolher o lugar, o Ibama põe problema. Mas não é tão difícil assim.
Existem lugares para onde transferi-las?
Tem, tem. Tem várias fazendas que se prontificam a receber, com lagos. Tem uma represa enorme aqui, de 50 km², em que vivem capivaras. Tem o Rio Jaguari. Só com o cuidado para não colocar onde existem outras, para não causar brigas pelo território.

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