quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A AUSÊNCIA DE CASTRAÇÃO DOS ANIMAIS DE RUA NO ABC PAULISTA

Animais de rua são excluídos de castração

16 de fevereiro de 2011

Os programas de castração gratuita disponíveis no Grande ABC atendem cães e gatos que têm tutores responsáveis por eles. Mesmo assim, é preciso comprovar baixa renda ou aguardar mutirão. Enquanto isso, os cerca de 2.000 animais abandonados mensalmente na região, segundo levantamento da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops), continuam se reproduzindo e ampliando o número de bichinhos nas ruas.
Quem quer castrar um cão ou gato para ajudar a mudar essa realidade encontra dificuldades. É o caso das irmãs Anália, 45 anos, e Débora Magalhães, 30, que vivem na Vila Lucinda, em Santo André. Elas já recorreram à Prefeitura de São Paulo cerca de 30 vezes para realizar o procedimento em cães que vivem na rua onde moram, pois com a Prefeitura de Santo André não conseguiram nada. “Tenho dó dos bichos e sinto necessidade de fazer algo por eles, mas não tenho condições de bancar todos”, destacou Anália.
Castrar um animal em clínica veterinária particular custa, em média, R$ 150, dependendo do tamanho e peso. Anália e Débora conseguem desconto por meio de uma ONG e gastam R$ 60 por cão. “Mesmo assim, não é sempre que temos dinheiro para fazer”, garantiram.
Débora trabalha em um pet shop do bairro e vê diariamente pessoas abandonando os animais na porta do estabelecimento. “Muita gente acha que a loja é depósito de cães e gatos, sabe? Eles vão chegando e a gente dá um jeito de doar.” Atualmente as irmãs têm oito cães em casa, mas estão a procura de novos pais adotivos para eles. Na rua, cerca de outros dez andam soltos, muitos sem esterilização.
Procurada, a Prefeitura de Santo André afirmou que realiza castração para pessoas de baixa renda e moradores de núcleos habitacionais do município. No ano passado, 1.061 animais foram castrados entre os meses de abril e dezembro. Cães e gatos comunitários e animais adotados no canil, desde que tenham RGA (RG animal), também são beneficiados.
Região
São Caetano usa o mesmo critério para castrar animais. Neste mês foram feitos 14 procedimentos, mas a capacidade é de 80 por mês. O animal precisa estar vacinado com pelo menos duas doses de V8 canina ou V3 felina e uma antirrábica. Os interessados devem entrar em contato com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e precisam estar inscritos nos programas sociais do município.
Em Ribeirão Pires a castração é feita apenas por meio de mutirão. A intenção é realizar um deles no primeiro semestre deste ano, mas ainda não há confirmação. A Prefeitura de Diadema afirmou que não realiza o procedimento. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.
São Bernardo retorma esterilização gratuita
A esterilização gratuita de cães e gatos abandonados foi reiniciada neste mês pela Secretaria de Saúde de São Bernardo. O contrato com a clínica veterinária responsável foi renovado em 7 de fevereiro e cerca de 500 guias de autorização já foram emitidas pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).
A guia para o procedimento deve ser solicitada pelas entidades protetoras de animais ou por líderes comunitários junto à Divisão de Veterinária e Controle de Zoonoses, que fica na Avenida Doutor Rudge Ramos, 1740, no bairro Rudge Ramos, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Os interessados deverão apresentar comprovante de residência e documento de identidade. Após a obtenção da guia, basta telefonar para 4338-3222 e marcar uma consulta na Clínica Veterinária Pronto-Socorro Animal, de São Bernardo.
Em 2010, foram esterilizados 1.470 animais, sendo 1.036 cães e 434 gatos. A prioridade na esterilização é dada aos chamados animais comunitários, que vivem nas ruas, mas que recebem alimentação e cuidados de alguns moradores dos bairros ou das entidades protetoras.
O objetivo principal da esterilização é evitar riscos à população da cidade, pois animais abandonados podem transmitir doenças. Além disso, segundo a secretaria, é uma forma de evitar atropelamentos e maus-tratos contra os bichos que vivem nas ruas.
Procedimento ajuda a prevenir doenças
Não há idade certa para castrar cães e gatos, mas segundo o coordenador do curso de Veterinária da Universidade Metodista, Nilton Zanco, a castração precoce ajuda a prevenir doenças e a formação de tumores. “É indicado realizar o procedimento antes da fêmea entrar no primeiro cio, ou, no caso de machos, antes de completar um ano”, destacou.
O curso de Veterinária desenvolve o Projeto de Castração em Cães e Gatos em parceria com a ONG Gaama (Grupo de Apoio a Animais Maltratados e Abandonados), de São Bernardo. Cerca de 25 animais são castrados pelo programa mensalmente.
Há um custo mínimo para a ONG, pois, segundo Zanco, o objetivo é didático. “De 15 a 20 alunos participam dos procedimentos, auxiliando os professores e ajudando também na conscientização dos tutores para a guarda responsável”, explicou.
Em 28 de janeiro de 2010 o governo do Estado aprovou o decreto 55.373, que instituiu o Programa Estadual de Identificação e Controle da População de Cães e Gatos. O objetivo é celebrar convênios com as prefeituras para garantir esterilização cirúrgica e incentivar a adoção de cães e gatos abandonados nas cidades. Os convênios, porém, dependem do Orçamento da Secretaria de Meio Ambiente estadual e não têm prazo para serem celebrados.
Fonte: Diário do Grande ABC

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