quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

MONTY ROBERTS: DOMA SEM VIOLÊNCIA

Brasil recebe o criador da técnica de doma racional de cavalos no aniversário de cem anos da Hípica Paulista


Monty Roberts defende comunicação sem violência com os animais
Mariane de Luca l Jacareí (SP)Atualizada às 21h29min

Gestos, olhares, sons, sintonia: aos 75 anos, um norte-americano mostra que o segredo de um bom cavaleiro não está na melhor técnica, força, ou muito menos na violência. Essa é a tese de Monty Roberts, o encantador de cavalos que há décadas inspira treinadores ao redor do mundo.
Em março, os brasileiros vão ter a chance de vê-lo de perto, em ação, em um show especial para comemorar os 100 anos da Hípica Paulista. É a primeira vez que o Brasil foi incluído em sua turnê mundial.
Como pode um homem montar e guiar um animal de 400 quilos? O segredo está em coisas simples, como comunicação, sintonia e respeito. Pelo menos é esta a teoria de Roberts.
O encantador de cavalos parece ter vindo ao mundo com uma missão: provar que é possível domar cavalos sem usar força, e principalmente, violência. Ele tinha apenas sete anos quando percebeu o dom.
Roberts contou que seu pai era um grande domador de cavalos e muito violento com os animais e com o próprio filho. Ele começou a pensar que deveria haver um jeito melhor de fazer isso. Durante décadas ele apenas observou, até chegar a um método que ele apelidou de “join up” e que, no Brasil, foi chamado de “doma gentil” ou “racional”.
Segundo Roberts, antes de mais nada é preciso estar disposto a entender a linguagem dos cavalos.
– A orelha quer dizer ‘estou te dando atenção’. A língua e a mastigação significam ‘estou disposto a te conhecer’. Se a gente pode comer juntos, então podemos ser amigos. E o pequeno círculo que o animal faz significa ‘não quero ir para longe mais’ – explica o encantador de cavalos.
O próximo passo, segundo ele, é perceber como os cavalos reagem a nossa linguagem. Para dizer “vá embora”, basta olhar nos olhos do animal ou estar de ombros ou dedos abertos. Por outro lado, basta fechar os dedos e aproximar o braço do corpo para ele entender que pode parar, ou então virar o ombro para ele se aproximar.
Tudo isso acontece sem ser necessário encostar no animal. E Roberts lembra que é só depois de ter essa sintonia que se deve colocar cela e montar no cavalo. Tudo deve ser feito com calma e, principalmente, sem forçar o animal.
– A segunda coisa mais importante do treinamento é que você se divirta, pois a primeira coisa mais importante é que o cavalo se divirta – acrescenta o encantador.
As técnicas dele viraram objeto de estudo de diversos pesquisadores, já que ele transformou a doma de cavalos – antes, um processo que demorava meses, agora acontece em alguns instantes.
Mais do que objeto de estudo e inspiração, Monty Roberts e seu join up foram parar em Hollywood. Ele foi a inspiração para o filme O Encantador de Cavalos, sobre um talentoso treinador de cavalos contratado para ajudar na recuperação de uma adolescente e seu cavalo que sofreram um grave acidente.
O método já foi apresentado para a rainha da Inglaterra, virou tema de diversos livros e mais de dois milhões de pessoas já viram as apresentações de Roberts.
Além disso, os poucos brasileiros que fizeram curso com ele, contaram que aprenderam muito mais do que domar cavalos.

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