quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

BOICOTE A REMÉDIO COM BÍLIS DE URSO

Defensores de animais boicotam empresa que faz remédio com bílis de urso na China

16 de fevereiro de 2011

(da Redação)
Logotipo da empresa em frente a miniatura de urso-negro-asiático. Foto: Jason Lee/ Reuters
Ativistas que condenam a crueldade com animais têm se manifestado na internet contra uma empresa chinesa que retira o bílis de ursos mantidos em cativeiro para produzir medicamentos. Os protestos contra a Gui Zhen Tang Pharmaceuticals Company se intensificaram depois de circularem notícias sobre a intenção de empresa em se lançar no mercado de ações.
Frasco usado para armazenar o pó feito com bílis de urso na China. Foto: Jason Lee/ Reuters
A companhia transforma a bílis de ursos negros asiáticos em pó. O medicamento é usado sob a falsa promessa de curar doenças relacionadas aos olhos e ao fígado, informa o site G1.
Os ursos são cirurgicamente mutilados e “ordenhados” para extração de bílis, diariamente. Esses animais são submetidos a requintes de crueldade assustadores.
A cirurgia é feita pelos próprios donos da fazendas. Foto: Mark Leong
Internautas em toda a China espalham a notícia em blogs e sugerem um boicote aos produtos da empresa farmacêutica, baseada na província de Fujian, para tentar impedir a entrada da marca no mercado de ações.
A Gui Zhen Tang não comentou a reação dos ativistas nem deu detalhes sobre a abertura de capital em seu site, mas afirmou ser a maior empresa do ramo no sul do país. Segundo o comunidado, cerca de 400 ursos são mantidos em cativeiro atualmente, mas a empresa pretende expandir o número de animais para 1.200.
“Essa é a primeira vez que vemos tantos chineses protestarem contra esse tipo de indústria”, disse Zhang Xiaohai à Reuters, diretor de assuntos externos da Animals Asia.
Crueldade extrema
Nas fazendas onde os ursos são explorados, ele vivem em condições deploráveis, em gaiolas que medem O.8m x 1.3m x 2m, espaço em mal consegue se mexer. Os chãos das gaiolas são construídos com barras de ferro, negando aos animais a possibilidade de ficam em pé, ou deitar no chão firme.
Ferida em carne viva causada pelas barras da gaiola. Foto: sem crédito
Os ursos dessas fazendas são sempre encontrados com sérios machucados na cabeça, nas patas e nas costas por se rasparem repetidamente nas barras ao tentar se moverem. Os “fazendeiros” não permitem que os animais hibernem, através de reforço de comportamento não natural. Na maioria das fazendas a dieta dos ursos é muito pobre. Purê de milho, maçãs, tomates e açúcar misturado com água, são a fonte de alimentação principal desses animais, o que não é suficiente sem suplementos vitamínicos e minerais. Os ursos são alimentados duas vezes por dia, para incentivar produção de bílis.
Filhotes de urso que nascem nas fazendas são retirados de suas mães aos três meses de idade. Em algumas fazendas, eles são colocados de imediato para treinamento de performances em circos. Essas performances, as quais incluem boxing, andar de bicicleta e se equilibrar em corda bamba, têm sido oferecidas como nova atração para atrair turistas asiáticos, com a finalidade de conseguirem um dinheiro extra. Depois de mais ou menos um ano, essas performances acabam.
Ao completarem 3 anos e eles vão para uma gaiola de 1.6m x 1.6m x 2.6m,
Muitos ursos são permanentemente forçados a usar um colar de ferro, para serem mantidos sob controle. Foto: sem crédito
até o crescimento completo, de 3 anos. Durante esse período, 2 ursos podem ficar juntos. Assim que os ursos atingem a idade adulta, a extração de bílis começa. O urso é transferido para uma gaiola muito menor, que não facilita nenhum movimento, para que se possa extrair a bílis mais facilmente, duas vezes ao dia. O procedimento cirúrgico para extração da bílis é quase sempre  feito pelos próprios donos das fazendas, sem treinamento veterinário. Quando ficam doentes, algumas vezes drogas são administradas, mas quando não funcionam, deixam o animal morrerem à própria sorte.
Entre a idade de 5 e 10 anos, os ursos podem parar de produzir bílis. São, então, colocados em outra gaiola onde esperam a morte por doença ou fome, ou são mortos para que vendam suas vesículas ou patas. Patas de ursos são consumidas como um prato fino, no Sudoeste da Ásia e a venda das mesmas representa mais um dinheiro extra para as fazendas. A mortalidade dos filhotes nascidos nas fazendas também é alta, porque as novas mães comem seus filhotes. Quando os ursos estão em seu habitat esse comportamento é raro e isso sugere que a mãe está sob severo stress.
Ursos vivem presos em agiolas minúsculas. Foto: Newcientist
Comércio de bílis de urso estimula a captura de ursos selvagens
Na China acredita-se que a bílis de um urso selvagem é mais potente, o que significa que a bílis extraída dos ursos criados em fazendas, não pode substituir a demanda do produto extraído de ursos selvagens. Ursos também são capturados para suplementar a demanda das fazendas e em cada fazenda visitada, os criadores admitem terem trazido filhotes capturados da Natureza.
Alternativas
Há muitas alternativas de produtos disponíveis no mercado, que contém o ingrediente UrsoDeoxyCholic Acid (UDCA). É estimado que 100.000 Kg de UDCA sintetizado vêm sendo consumidos no Japão, China e Coréia do Sul. E se a produção for distribuída para o mundo, esses números podem dobrar. Muitos praticantes de medicina na China, admitem que há pelo menos 75 ervas, que podem substituir a bílis de urso.

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