Melhor amigo do homem, mas não dos criminosos
Cães da Polícia Militar ajudam em ações importantes de combate a crimes, como tráfico de drogas
Juliana Lobato/Agência BOM DIA
Agência BOM DIA
“O cão é o melhor amigo do homem”. Esse é um clichê antigo que, mesmo com o passar dos anos, parece estar acima de qualquer suspeita. Essa máxima, não serve para a relação entre os cães da Polícia Militar de Bauru e os criminosos.
Treinados e preparados diariamente para o combate à criminalidade, os 16 animais que integram o canil da PM bauruense atuam no cotidiano, resolvendo casos que dificilmente um ser humano conseguiria desvendar.
Ações de choque, invasões táticas, patrulhamento nos presídios, estádios de futebol, apoio ao policiamento cotidiano: nada passa sem o acompanhamento dos cachorros. “Eles estão prontos para todas as situações” afirma a subtenente Eliete Aparecida Tavares Ramos, responsável pelo canil da Polícia Militar.
Desde 1992 em Bauru, a utilização dos cães é justificada pela otimização do serviço que eles proporcionam.
Um estudo publicado nos EUA afirma que o sistema olfativo do cão pode ser mais perceptível a substâncias de 100 mil a 100 milhões de vezes melhor que o olfato humano. “São diversos casos de apreensão de drogas que, se não fosse a presença canina, jamais seriam resolvidos”, conta Eliete.
Além disso, a participação dos cães nas ações policiais causa um efeito psicológico nos cidadãos - que se sentem protegidos - e também nos criminosos – que se sentem acuados com possíveis mordidas dos animais.
Atualmente, o canil bauruense tem quatro raças de cães. Pastor Alemão, Rottweiler, Labrador e uma nova promessa para a função de cão policial, o Pastor Martinois.
Os heróis e suas ações/Yako, Zulu, Leona, Herói, Zica, Logan e Falcão... assim são chamados alguns desses ilustres membros da PM. E os cães de farda já deram uma mostra do que são capazes de fazer.
Em janeiro, a polícia recebeu a denúncia de tráfico de drogas no Parque das Nações. Ao chegar no local, a PM não encontrou nada.
Em seguida, o canil foi acionado e, em questão de minutos, o cão Zulu farejou em baixo de uma rocha uma grande quantidade de entorpecente escondida no local.
Outro caso interessante ocorreu durante um treinamento do cão Falcão, que saiu da área reservada a ele e correu para o pátio de carros apreendidos. Devido à insistência do cão, os policias resolveram verificar o que poderia haver no local e acharam um veículo carregado com maconha. O automóvel foi apreendido por conta de um acidente de trânsito.
Segundo os policiais do canil da PM, os cães têm resolvido em média um caso por dia de apreensão de drogas.
Eles destacam também que não existe um cão melhor que o outro ou um que se destaque mais no batalhão: todos têm suas qualidades e podem ser importantes para os cidadãos bauruenses.
“Os cães têm habilidades incríveis. Nesses cinco anos que integro o canil, eu já vi coisas impressionantes que eles fizeram. Só não é bom falar muito, pois se algum criminoso resolver ler essa reportagem, vai descobrir alguns dos principais segredos”, despista Eliete.
Cão policial tem regras rígidas para obedecer
Para conseguir o “trabalho” como policial militar, os cães são exigidos desde pequenos. E as regras não são poucas.
Eles costumam chegar ao batalhão ainda filhotes e passam por um rigoroso processo de avaliação, que determina se o animal tem ou não as características essenciais para desenvolver as funções.
Na maioria das vezes, os animais que costumam integrar o batalhão reúnem pontos em comum, como gostar muito de brincadeiras, hiperatividade, estar sempre motivado e, é claro, ser bom de faro.
“Não adianta o cão ser agressivo. O perfil que procuramos é o de temperamento firme. Esse é o cão que vai ser leal e companheiro ao seu policial e capaz de atacar quando for preciso e, também, deixar que crianças brinquem com ele se necessário”, exemplifica a subtenente Eliete Ramos.
Os treinamentos com os cães são diários e são feitos com atividades que estimulam o animal a conquistar uma recompensa em troca do faro da droga, por exemplo.
“Eles não sabem o que é cocaína ou maconha. Tudo o que eles querem é resolver logo um problema para que o policial devolva o brinquedo”, explica Eliete.
Para ser o líder de um cachorro de abordagens policiais, o policial precisa se formar em um curso cinotécnico. Já para cães de faro, é necessário um curso de 30 dias em São Paulo. Além da subtenente Eliete, o canil de Bauru conta com nove policiais. Entre eles, um veterinário por formação e um enfermeiro-veterinário, formado nos cursos da PM. Ele cuida dos cães e acompanha o desenvolvimento deles durante a carreira como policial.
Os PMs caninos também têm direito a folga, banco de horas e, claro, toda alimentação necessária para que ele cresça e ajude na luta contra a criminalidade em Bauru.
Normalmente, os animais se aposentam com oito anos de serviço e, não raro, são adotados pelos seus adestradores.
Nas alturas
Atualmente, alguns cães estão sendo treinados em parceria com o Águia da PM para trabalharem dentro de helicópteros em ações aéreas. Essa é uma tarefa que precisa ser bem estudada, pensando na alta sensibilidade dos ouvidos caninos.
5 milhões
É o número de células receptoras de odores presentes em um ser humano. Os cachorros têm 220 milhões dessas células. Os animais também ouvem melhor.
O sistema auditivo humano consegue captar sons que estão numa faixa de vibração entre 20 e 20 mil ciclos por segundo. Os cães alcançam sons entre 18 e 40 mil ciclos por segundo.
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