quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ELAS FORAM FUNDAMENTAIS NAS BUSCAS

Cadelas foram peças-chave para buscas


As cadelas Naila, da raça Labrador, e Luna, da raça Golden Retriever, foram fundamentais na localização dos corpos soterrados pelo desabamento do edifício Real Class, que veio abaixo no sábado, 29 de janeiro. As duas acompanharam o processo de resgate desde o domingo após o acidente e identificaram os locais onde estavam os corpos das vítimas.
De acordo com o Sargento do Corpo de Bombeiros, J. Santos, se as cadelas não tivessem ajudado, o resgate poderia ter demorado mais tempo. “Os cães indicaram três pontos. Nós fizemos a marcação deles e focamos nossas atividades nos pontos indicados”. Foi exatamente em dois desses três pontos que foram localizados os corpos dos operários vítimas do desabamento. Além deles, no terceiro ponto indicado pelas cadelas, foi encontrado o corpo de um cão em meio aos entulhos.
O trabalho das duas foi constante, mas foi na manhã de terça-feira, dia anterior ao resgate, que elas identificaram os pontos. “Na manhã é mais fácil para elas identificarem. O clima faz com que os odores desçam e facilita a identificação delas”, afirma o Sargento J. Santos. “O que o ser humano não percebe, eles (cães) percebem. Isso ajuda muito”.
De acordo com ele, já existem hoje no Corpo de Bombeiros de Belém seis pessoas especializadas em treinamento de cães em mais de quatro anos em que o órgão trabalha com essa atividade. “A capacitação dos treinadores é voltada para buscas e salvamentos e só é feita em Brasília e Santa Catarina”.
Atualmente, o modelo utilizado em Belém para treinamento de cães é o que hospeda o animal na casa do próprio treinador. “A apreensão do animal se torna um pouco cara, então o modelo adotado pelo Corpo de Bombeiros hoje é o que dá um investimento para que o cão fique sob a responsabilidade do treinador”, explica J. Santos. “Atuamos hoje com dois cães. O Aldi e a Pandora, ambos da raça Labrador”.
Já as cadelas que participaram do resgate do edifício Real Class foram emprestadas para o Corpo de Bombeiros pela Cruz Vermelha e por uma empresa de treinamento de cães, a Social Cão.
A Labradora Naila, que foi a primeira a identificar os locais dos corpos, começou a ser treinada ainda com oito meses. Hoje, aos quatro anos, ela já é campeã de Faro de Rasteio. É só soltar a coleira para que ela corra farejando tudo o que vê pela frente. “Ela é muito brincalhona, sempre teve essa atividade”, conta o seu treinador, Denílson Montenegro, da Social Cão. Ele vê nesse perfil uma vantagem para o tipo de atividade que ela costuma desempenhar. “Quando mais atentado for o cão, melhor”.
Segundo ele, o treinamento é todo baseado na brincadeira. É a partir de diversas atividades que o treinador percebe uma pré-disposição do cão para o serviço de resgate. Dependendo do tipo de treinamento, ele pode ficar apto a exercer a atividade dentro de um ano. “O que para a gente é uma forma de treinamento sério, para ela é uma brincadeira, já que o faro é nato do animal”, afirma. “Nós é que nos acostumamos a limitar muito a capacidade deles. Eles têm muito a nos ensinar”.
Já a Golden Retriever Luna é mais tranquila. Ela começou a ser treinada com um ano e participou de seu primeiro resgate oficial aos dois, nos escombros do edifício Real Class. “A Luna é bem companheira. Adora brincar com as bolinhas. Ela é de uma raça que precisa desse tipo de atividade. Por isso é tão indicada para esse tipo de serviço”, explica o voluntário da Cruz Vermelha, Danilo Quinto.
Logo na primeira atuação oficial, ela teve muito êxito. Identificou e confirmou os locais exatos indicados primeiramente por Naila.
Mas Danilo afirma que o trabalho é cansativo para os cães. “É muito estressante. Por mais que eles sejam treinados e encarem tudo como uma brincadeira, um resgate requer muito do animal”.
Depois de três dias de trabalho duro, as duas foram para a casa de seus treinadores para o merecido descanso. (Diário do Pará)

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